sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mahjong

Nada que fazer, como de costume. Apenas o computador, onde cada vez há menos que fazer, e tudo se começa a resumir a mais um jogo de Mahjong. O Mahjong é um jogo simples, onde se faz mister emparelhar peças, de entre uma infinidade de escolhas diferentes. Nada a fazer, como já foi dito, é mesmo preciso jogar. Comecemos o jogo.

Numa janelinha a um canto, ficamos a saber que temos dezanove opções. Uau, dezanove! É sempre assim que começa, e raramente nos detemos a considerar que não há realmente dezanove opções, que muitas dessas se excluem mutuamente, e se escolhermos A em vez de B ou C, não poderemos mais voltar a escolher B, nem muito menos C. Mas as dezanove opções embriagam-nos no início do jogo, e quem é que se vai mais lembrar de pormenores como esse?

Há opções mais importantes que outras, e julgamos escolher bem. Mas deixamos muitas vezes de ver alternativas, para além das muitas que estão tapadas, e só serão reveladas depois da escolha estar feita. Quando menos nos precatamos, os números caíram a pique, e temos apenas quatro ou cinco opções. É aí que começamos a suar.

Tentamos manter as nossas opções em aberto. Esta escolha é óbvia, mas não conduz a nada de novo, e o número de opções caiu para três. Aquela parecia fundamental e não era, abriu só um caminho enquanto fechou outro, e os valores mantêm-se. Aquela parece subitamente a resposta a uma prece, as escolhas possíveis saltaram para sete, mas cada jogada que se segue baixa o contador. De repente, já só temos uma opção, que avaramente jogada conduz a mais uma, e vamos vivendo da mão para a boca. Previsivelmente, chegamos àquela que a nada conduz, e damos connosco a ler a mensagem, “Não tem mais opções, o jogo acabou”.

É um ponto sem retorno, o fim do jogo. Olhamos para o tabuleiro que não vai mais mudar, enquanto distraidamente ouvimos vozes que animadoramente sugerem que as coisas podem ainda evoluir, pode sempre aparecer uma nova opção. É claro que as coisas podem mudar, e também é possível que eu venha a ser rico, ou que viaje até à Lua. Sejamos contudo honestos, quantas vezes é que isso de facto acontece?

As opções esgotaram-se, e o tabuleiro lá está montado a um canto, fixado na última posição, na que não tem já saída. Todas as escolhas estão feitas, agora basta apenas limpar-lhe o pó de vez em quando. Um dia, tarde ou cedo, virá mão caridosa desmontá-lo e metê-lo numa caixa destinada à prateleira. Que seja agora ou depois, é indiferente. O jogo já acabou, e eu perdi.

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