quarta-feira, 14 de abril de 2010

Reencontro.

Hoje, uma fada pousou no meu braço:

Eu, mais habituado a outras variações fonéticas da palavra, isto não se dando o caso de serem apenas mosquitos, dei ao desprezo a forma silfídica que não cessava contudo de zumbir. Veio a dita forma, de resto bem agradável, e para mais escassa no vestir, a revelar-se uma fada que encantou o meu dia.

Conduziu-me pelo seu braço pequenino a um éden terrestre, tasca que de resto sobejamente conhecia. Aí regou-me a mim e às amigas que comigo se sentaram, ocupando-se unicamente nessa árdua tarefa de serem minhas amigas, desse néctar que as humanas gentes se vêm forçadas a destilar da cevada, e com resultados francamente positivos, pois o néctar que o bebam os anjos, e que lhes faça um bom proveito. Depois, alguém desligou o mundo, e entrei no sonho.

Voltei num relance a ter vinte anos. Não foi todavia sozinho que embarquei nessa viagem, todos voltamos a ter vinte anos. Num repente, vimo-nos três jovens num mundo jovem de novo, num mundo cuja juventude apreciámos do alto da nossa maturidade, e sobre o qual disparatámos. Rimos, abraçámo-nos, e acho que a Ana chegou a dar pontapés a várias pessoas. Numa palavra, fomos de novo felizes.

Depois a cerveja acabou, as horas expiraram, que os deveres não perdoam, e partimos cada um para seu lado, todos compenetrados da vida quotidiana que nos esperava, cada um ciente de que reencontros como este são a excepção, e nunca a regra.

Trocámos mensagens, trocámos emails, e acabámos convencidos que daríamos um dia a volta a isto, que estes reencontros ainda viriam a ser a regra e não a excepção. A fada no meu braço acenou em acordo, e partimos todos com uma alma nova, isto os que já tinham uma alma velha para oferecer em troca. Os desprovidos como eu ganharam esperança, e aguardam o futuro com mais optimismo, ou apenas com algum, o que não deixa de ser uma melhoria.

A todas as criaturas de fábula que se me revelaram hoje, quero aqui deixar o meu mais sentido Obrigado. Confesso que não sabia que vocês existiam.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sem título.

É mentira, o título existe, e está mesmo dentro do poema. Título este que não deixa de ser um abuso e um atrevimento. Mas que hei-de fazer, se sou mesmo assim? E este post, pelo menos, não é deprimente…

Se um dia eu achasse, num repente,
Alma de mim gémea, diferente embora igual,
Nada negando sem exame, tudo pronta a conhecer,
Dando-se como é, tal como eu me dou!
Resistiria eu, e tudo esqueceria?
Acho que sim… mas duvido!