segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Tolerâncias de Ponto: carta aberta ao Primeiro-Ministro.

Exmo. Sr. Primeiro-Ministro,

Esperando que esta o encontre de boa saúde, e na muito prezada companhia de todos os seus, tem a presente missiva a intenção de respeitosamente trazer ao conhecimento de Vexa. que, em data a combinar durante as próximas semanas, tenciono soltar um flato.

Não se receia aqui um evento de bufa maior, e é de crer que no todo não se venha a ultrapassar o simples traque. No entanto, considerando que é política do governo que Vexa. superiormente dirige conceder tolerância de ponto à função pública de cada vez que alguém dá um peido, gostaria de combinar previamente com o competente gabinete a melhor data para o evento, por forma a minimizar os transtornos que o mesmo possa causar ao público em geral.

Sendo o peido uma ocupação mais disruptiva da ordem pública do que qualquer cimeira da NATO, e contando ao mesmo tempo com muito mais adeptos do que Sua Santidade o Papa Bento XVI, seria talvez boa ideia considerar-se desde já uma tolerância alargada, que ao próprio dia da função somasse a tarde da véspera e a manhã do dia seguinte, salvaguardando assim a justa proporção das coisas.

Não despiciendo é ainda o facto de não ser o peido uma função exclusiva deste ou daquele cidadão ou momento, antes se tratando de um episódio que tende a ocorrer com alguma frequência. A meu ver, esta questão só pode ser endereçada de uma forma justa pela via de uma tolerância de ponto em regime de continuidade, que se prolongará até que termine a flatulência das nossas classes dirigentes. Talvez então os políticos finalmente esvaziados se decidam a produzir mais do que ar quente, e fazer por fim alguma coisa desta merda.

Grato e obrigado, pede deferimento o cidadão,

Nuno Baptista Coelho.