Quero um apartamento no Algarve
A duzentos metros da praia.
Com varanda, barbecue e cadeirinhas,
E um mini-mercado ao lado.
Quero sair pela estrada de cimento
(aquela estrada diferente, de quem está de férias)
Comprar o jornal logo de manhã
E apreçar mexilhão, antes do almoço.
Quero trocar o meu apartamento
Por uma vivenda, piscina a repartir,
Num condomínio fechado e vazio,
Vazio de ideia, fechado de gente.
Quero boiar como uma baleia,
No mar de todos, que a todos consente
O mau gosto ocasional de serem baleias,
Ou o mais permanente, de não serem nada!
Quero muito, quero até o indisponível,
E por último até já acho que não quero nada.
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