O pássaro esparvoado raramente prestava atenção ao que quer que fosse. Um optimismo perfeitamente ridículo dirigia o seu voo em direcção a tudo o que lhe parecesse um bom destino.
O pássaro esparvoado voou num êxtase de alegria em direcção às altas torres que se erguiam sobre as muralhas, pináculos de luz e esplendor, pensou. Tanta diligência pôs na sua empresa que acabou por voar direito às torres, que de imediato desabaram sobre ele.
O pássaro esparvoado não fará mais voos optimistas. Ajuizando pelo estado da asa que desponta de sob uma pedra mais pesada, é mesmo duvidoso que volte a alçar o voo. E antes assim, é bem melhor um pássaro esmagado que um que seja esparvoadamente optimista. O pássaro ganhou juízo, e já nem responde pelo nome de melro. E não é de crer que se meta a voar tão cedo.
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