Crepúsculo de sombras, penumbra de agoiros,
Noite velha e repetida, noite gasta,
Noite farta e repisada, onde só a lua é nova.
Já não tenho medo, mas sinto frio.
Nem alegria, nem tristeza aqui já moram,
O sentir escureceu enfim, embotou de bruma.
E só a longes alveja a branca mortalha
De algum fantasma antigo, agora morto.
Não existem lágrimas na escuridão,
Ou se as há, que importa isso?
O pranto cai nas sombras como a árvore na floresta,
E se ninguém o escutar, ele não caiu.
Dizem que é ainda Verão, e faz calor.
Mas não vejo mais surgir a alvorada.
Está a ficar mais escuro, e faz mais frio.
Tanto sol lá fora, e eu de noite!
1 comentário:
Fernando Pessoa? Luís de Camões? Bocage, quiçá? Não, não. A minha veia poética vem de ti, claro. Mas as palavras, o sentimento, a paixão; o jeito intrínseco de pegar no que se sente e passar para o papel: esses, Papá, também vêm todos de ti.
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